sexta-feira, 17 de abril de 2009

Quotidiano

Ela era extremamente linda, entrou olhou para todos os lados, não tinha nenhum lugar vago a não ser um acento vazio ao meu lado, caminhou na direção do banco e sentou-se. Geralmente não costumo sentar em bancos de dois lugares nos ônibus, prefiro os individuais, não sei se isso acontece apenas comigo, mas sempre que divido um banco com alguém essa pessoa insiste em me fazer muitas perguntas das quais não sei responder.
Pediu licença e sentou, já tinha a observado quando entrou, dei uma leve olhada em seu rosto, um leve tom negro de maquilagem sobre os olhos, cabelos negros na altura dos ombros, como eu imaginava uma mulher muito bonita, me parecia ter muita classe, até então eu estava lendo, fechei meu livro fiquei alguns segundos paralisado apenas olhando para frente, tornei a abri-lo, recomecei a ler, mas não conseguia concentrar-me, passava-me mil coisas na cabeça em relação aquela mulher misteriosa, qual era seu nome, o que ela tinha feito durante seu dia, de onde vinha e para onde ia, cheguei até imaginar como seria sua roupa íntima.
Assim fomos durante todo o trajeto, sem trocarmos uma só palavra, em algum momento do percurso nossos olhares chegaram a se cruzar, senti-me envergonhado da cena que acabará de acontecer, talvez fosse porque estava encantado com tamanha beleza, baixei a cabeça, acabei reparando em seus pés, usava uma sapatilha e deixava tudo à mostra, ela tinha os pés mais bonitos que eu já tinha visto.
O ônibus chegou ao seu destino, o ponto final, descemos, eu a acompanhava com olhares distantes, ela foi para um lado e eu para outro, mais uma vez nossos destinos estavam dispersos, acendi um cigarro, enquanto caminhava ainda pensava naquela mulher que acabara de ver.
Cheguei em casa, peguei a última cerveja que restava na geladeira, acendi outro cigarro, sentei no sofá e comecei cortar as unas dos meus pés, não eram tão bonitos com os da linda mulher, mesmo assim imaginava se um dia eu descobriria ao menos seu nome.

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