domingo, 28 de junho de 2009

Ela e Eu

Bah, sábado as 01:45 da manhã começo escrever, não sei bem ao certo o que estou fazendo acordado a essa hora. Lá fora cai uma chuva fina misturada com um tempo frio que tem feito por essas bandas nos últimos tempos, as pontas dos meus dedos doem, mas meu corpo se mantém quente mesmo com a temperatura baixa.
Um chá preto em minha velha caneca está a meu lado acompanhada de um maço de cigarros e meu zippo vermelho junto do cinzeiro, um careta aceso produzindo uma fumaça branca e bonita que infesta todo o ar. Ontem mesmo me disseram que eu fumo demais, e antes de ontem também, acho que foi sempre assim. Um copo de cerveja e cinco ou seis cigarros em questão de dez minutos.
Eu vivo pensando em largar o vício, mas o problema maior é que ele não larga de mim, assim fica difícil a situação, eu quero a separação, mas ele se nega a me abandonar. É em horas como essa, que fico pensando na Mary, onde andarás Mary?
Esta semana eu a vi apenas duas vezes, terça, e sábado cedo, ela costumava estar comigo todos os dias geralmente mais de uma vez, à tarde e a noite. Eu a conheço a muito tempo, de longa data mesmo que já não lembro bem certo o tempo, mas ainda é recente esse nosso caso secreto, faz menos de um ano que estamos juntos. Eu sempre a via por aí, mas sempre passava despercebida, raro era nosso contato, mas depois de um tempo eu tomei a iniciativa de uma aproximação e acabamos dando certo. Sempre que estamos juntos ela fica comigo por umas longas três horas, às vezes menos, mas é o suficiente para que eu esqueça das coisas alheias e pense apenas no momento, mas ultimamente aconteceu algo muito estranho, mesmo eu estando com a Mary meu pensamento é inundado por outra mulher, eu não consigo tirar ela da minha cabeça, por mais que não estejamos juntos continuo pensando nesta outra pessoa, ela tem o poder de me acalmar assim como a Mary tem feito por um longo tempo – Mary nem desconfia disso!
Eu conheci Mary muito antes dela, mas elas são muito distintas, mas muitas coisas aconteceram neste último mês, à companhia que a Mary me proporcionava essa mulher radiante do sorriso mais belo que eu já vi, e a voz que me fascina toda vez que fala comigo foi capaz de me fazer a esquecer com uma simples troca de olhares. Está mulher conseguiu fazer o que nada e nem ninguém nunca conseguiu fazer por mim, me fez acreditar que tudo é possível e que lutar por aquilo que queremos é necessário, um exemplo de pessoa em todos os sentidos, carinho, cumplicidade e persistência.
Hoje tomo uma grande decisão – uma sábia decisão por sinal. Já que me afastei um pouco da Mary, vou dar um tempo na nossa relação, irei me dedicar integralmente a nós, a partir de hoje será somente ela e eu.
Mary Jane, se um dia ler isso, saiba que estarei no mesmo lugar de sempre, se quiseres um pouco da minha companhia é só me procurar, mas não se iluda que não será como antes, se desejares até colocarei na velha radiola as músicas do Bezerra da Silva que você sempre gostou.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sábado de Aleluia

Chego em casa as quatro da manhã depois de uma noite de farra, muita bebida mulheres e putaria solta noite a dentro, tiro a roupa e deito só de cueca e meia, fico esticado na cama até pegar no sono – estou com aquela leve sensação que tudo gira, o mundo e o meu quarto estão girando ao redor de mim.
Escuto um bater de palmas bem distante dentro da minha cabeça, não sei se estou delirando em meu sono ou se alguém está em meu portão tentando acordar todos em casa, porra em pleno sábado as pessoas insistem em encher o saco, isso não é jeito de acordar um homem que dorme. Levanto-me ainda bêbado olho ao redor do quarto, pego uma calça de moletom verde musgo que está jogada ao lado da cama e visto, ando em direção a janela da sala para ver se realmente há alguém batendo palmas no portão. Olho pela janela e vejo uma jovem de aproximadamente uns vinte anos, ela também me vê, não tem mais como se esconder, ela é bonita em sua saia preta, uma blusa branca e uma sandália daquelas que os camelôs vendem de porta em porta estilo Jesus Cristo, maldição, só pode ser uma maldita religiosa, pensei.
Andei em direção ao portão, eu e minha calça verde musgo minhas meias furadas e sem camisa, paro em frente dela com os olhos entre abertos, me esforço para enxergar, a luz do sol ofuscava minha visão, vi que ela me olha dos pés a cabeça com um ato de repúdio, olho para baixo e vejo que minha calça esta com um certo volume, percebo que estou de pau duro, o famoso tesão do mijo após acordar, isso é inevitável, não tem como controlar.
- Bom dia irmão, disse ela. – Irmão de cu é rola, pensei.
- Bom dia moça.
- Posso ler para você uma passagem da bíblia?
- Melhor não, respondi olhando para seus peitos. – Estava com dois botões da blusa abertos aparecendo um pouco do sutiã. Essa deve ser a típica crentinha safada.
- Você já leu a bíblia alguma vez?

Sacanagem, maldito dia que todos aqui em casa resolveram sair cedo, e me deixarem sozinho, justamente no sábado, o dia que esses filhos da puta religiosos com cara de caranguejo vermelho barroco resolvem exorcizar o demônio das pobres pessoas que pecam durante a semana e são absolvidos no final de semana para na segunda começar tudo de novo.

- Sim, já li a bíblia, eu li o apocalipse uma vez. – mentira, nunca li merda nenhuma.
- Pelo menos é um começo, disse ela com um sorriso com a boca tortam me fazendo lembrar do filme “Cobra do Stallone”.
- Eu sei que o capeta no final dos tempos vai vir com seu garfo e enfiar no rabo de todo mundo, hahaha - soltei uma risada mais escrota possível.
- Deixa Jesus te salvar então, a palavra do senhor tem poder - falou isso balançando a bíblia em frente a meu rosto.
- Vai tomar no teu cu, você e tua bíblia cretina moça. –Enquanto falava isso fui fechando o portão e virando as costas para ela.
- Jesus vai salvar a todos no dia do juízo final, ira descer dos céus e salvar a todos que realmente acreditam nele -, disse isso com fúria nos olhos.
- É - eu disse - ele virá acompanhado dos seus anjos com paus pequenos?!
- Seu pagão maldito eu te desconjuro filhote de cruz credo! - ela disse me batendo com seu livro religioso.
- Eu te bolino sua crente safada – Falo isso metendo a mão em seus peitos.
- Seu filho da puta! – Gritou ela. - Esse mundo está mesmo perdido pensei, até os fanáticos religiosos falando palavrão.
- Moça, melhor você ir à casa de outro, você já tomou meu tempo demais, se manda logo antes que eu solte o cachorro.

Ela vira as costas falando alguma coisa que não consegui entender e vai embora, minha tática do cão é infalível, apesar de eu não ter um cachorro ela sempre funciona, agora posso voltar a dormir, me recolher a meu estado de insanidade em paz. Pensando bem, seria bom ter um cachorro, ele seria bastante útil, acho que vou comprar um daqueles bem ferozes que morde todo mundo que vê na frente, inclusive eu, mas se por um acaso ele não servir para arrancar pedaços desses desgraçados religiosos que batem no portão, ele servirá para latir a noite inteira atormentando todo mundo não deixando a vizinhança toda dormir.
É uma coisa a se pensar, boa sorte e até outra vez seus vermes.